O ex-presidente da Catalunha e líder do Junts, Carles Puigdemont entrou em rutura com Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) e ameaçou o presidente do governo de Espanha, Pedro Sánchez.
“Um pacto não implementado é um acordo quebrado”, afirmou o independentista em conferência de imprensa, esta segunda-feira, 27, numa alusão ao pacto de investidura que assinou com os socialistas, aquando das eleições gerais em 2023, e que permitiu a Sánchez formar governo. Agora, o Junts, cujo comité executivo esteve reunido na manhã de ontem em Perpignan, França, irá votar, numa consulta interna, entre quarta e quinta-feira a proposta para romper com este acordo. A decisão final será anunciada quinta-feira pelas 18 horas.
Na balança das possibilidades, que parece pender cada vez menos em abono do PSOE, Puigdemont avisou ainda que, caso esta proposta seja aprovada pelos militantes do Junts, o atual governo socialista será derrubado. “O governo espanhol não poderá recorrer à maioria de investidura, não poderá aprovar um orçamento e não terá capacidade de governar”, advertiu o líder catalão.
Na origem desta ruptura esteve a falta de progressos em questões fulcrais acordadas por ambos os partidos, como a amnistia para todos os envolvidos nas insurreições separatistas desde a consulta de novembro de 2014, ou a consolidação do estatuto oficial do catalão na União Europeia.
Socialistas não dão a luta como perdida
Apesar das insurgências catalãs, os socialistas espanhóis tentam mascarar a situação e levar a ‘água ao seu moinho’. Em comunicado, o porta-voz da direção do partido, Montse Mínguez, garantiu que o PSOE demonstrou “absoluto respeito” pela decisão do Junts, atirando, no entanto, ‘o barro à parede’: “Há diálogo, há mão estendida, há negociação”, afirmou o político, esclarecendo que se aguardam desenvolvimentos.
Mais uma pedra no sapato do executivo de Pedro Sánchez, que nos últimos tempos tem navegado por tempestades, com a inclusão de vários dos seus membros no famoso ‘caso Koldo’, uma ‘trama’ de corrupção que implica personalidades como o ex-ministro dos Transportes, José Luis Ábalos, e que recentemente conduziu à prisão preventiva do antigo número três do PSOE e um dos grandes aliados do líder socialista, Santos Cerdán.