Raquel Varela, de 47 anos, deixou a RTP depois de mais de uma década como comentadora na estação televisiva do Estado. No seu último painel de comentário na RTP 3, anunciou a sua despedida e assegurou que a mesma foi decidida pela nova direção de informação, liderada por Vítor Gonçalves. “Eu hoje vou-me despedir da RTP, na qual estou há 11 anos. A nova direção decidiu que eu não vou continuar como comentadora”, declarou.
A historiadora e professora universitária escreveu um comunicado nas suas redes sociais, onde afirma que o seu afastamento do canal de televisão se deve a motivos políticos. “A minha saída do comentário semanal da RTP não se deve certamente a audiências, já que em todos os programas onde estive elas subiram. Há, porém, muitos programas sem grandes audiências que são excelentes, outros com grandes audiências que são uma desgraça para o nível geral de educação do país (desqualificam-no e embrutecem-no). Saio por uma escolha política – todas as escolhas são políticas, e devemos falar abertamente delas”, proclamou timbradamente.
Na mesma nota, Raquel Varela agradeceu a todos os colegas e amigos que a acompanharam ao longo deste período e deixou um aviso: “A minha saída de comentadora da RTP fragiliza ainda mais a esfera pública. Não por mim, pois ninguém é insubstituível. Mas porque as vozes como a minha não representam mais uma ‘opinião’. Refletem um modo de pensar a sociedade em que vivemos, com demonstração de argumentos e critério de verdade (…). A voz pública é uma necessidade. Deve ser séria e diversa. É-o cada vez menos. E é isso que tem levado, também, à quebra de audiências – a repetição ad nauseam dos mesmos argumentos, da mesma falta de imaginação ou de vontade para repensar a sociedade”.
Por fim, a agora ex-comentadora garante que irá continuar a fazer-se ouvir. “Continuarei a fazer ouvir a minha voz e ideias, a defender os trabalhadores e os seus direitos, a dar aulas públicas e conferências, cursos, documentários, livros, a lutar por um outro país assente no bem comum, na igualdade real, na democracia do povo e na liberdade. Até breve”, finalizou.