Um supermercado da marca Red Economia foi saqueado na Rua Ana Néri, perto da favela de Triagem, no Rio de Janeiro. Na altura, na tarde de terça, 28, já estava em curso a ‘Operação Contenção’, com maior incidência nas favelas do Complexo do Alemão e na Penha. Ouviam-se tiros e explosões e muitos moradores estavam em pânico. Outros pareciam acostumados à violência e não mostravam emoções. E houve, também, quem se aproveitasse do momento, com grande sangue frio.

Foi o caso das dezenas de pessoas que ao verem o portão semi-aberto do supermercado, sem quaisquer pudores por estarem a ser vistos, em plena luz do dia, saquearam tudo o que puderam. Muitos terão, mesmo, necessidades económicas sérias e necessitarão de alimentos, já que várias pessoas saíram com bens essenciais como pacotes de arroz.

2500 POLÍCIAS MILITARES NAS RUAS DO RIO DE JANEIRO

Durante esta mega operação policial, considerada a mais mortífera de sempre, perderam a vida cerca de 70 pessoas, entre as quais quatro polícias: dois da polícia civil e dois da polícia militar. 15 polícias ficaram feridos e tiveram de receber tratamento hospitalar.

81 pessoas foram presas – havia 100 mandados de prisão – e foram apreendidas armas e granadas, além de várias motas. Tudo isto para acabar com o domínio do narcotráfico, nas mãos do perigoso e violento grupo carioca, Comando Vermelho.

O Rio de Janeiro viveu horas de terror que se começou a espalhar por toda a cidade. Os criminosos, como represália, começaram a cortar grandes vias de circulação, como a Linha Amarela, com pneus e carros a arder ou entulho. No Complexo do Alemão, os criminosos mostraram o seu poder, lançando drones sobre a polícia.

A Polícia Militar mandou todo o contingente para as ruas do Rio. 2500 polícias estiveram diretamente envolvidos na ‘Operação Contenção’. Mas muito mais pessoas foram envolvidas, tendo em conta que nas favelas da Penha e do Alemão vivem cerca de 280 mil cariocas.

Entre os mais de 80 presos está Thiago do Nascimento Mendes, o Belão do Quitungo, um dos chefes do Comando Vermelho da região. 

Quem também perdeu a vida foi a musa do crime, conhecida por Penelope, ou Japinha, que ficou desfigurada com um tiro de fuzil. Japinha era conhecida por ostentar armas e poses provocantes nas redes sociais. Era considerada uma figura de confiança dos principais líderes locais do tráfico, tomava conta de rotas de fuga dos traficantes e dos principais pontos de venda de droga.

No meio da confusão, um sem-abrigo foi atingido por uma bala perdida, nas costas; uma mulher que estava no ginásio também ficou ferida, assim como um homem que estava num ferro velho.