Os Estados Unidos da América voltaram a entrar em ‘shutdown’, ou seja, paralisação orçamental. Isto não era comum antes de Donald Trump chegar novamente ao poder, mas, desde 20 de janeiro, já é a segunda vez que isto acontece. No primeiro, os trabalhadores das Lajes não foram afetados.
Na prática, o ‘shutdown’, que desta vez já se prolonga há duas semanas, faz com que os trabalhadores do Estado americano deixem de receber salários, mesmo aqueles que continuem a trabalhar. É isso mesmo que está a acontecer ao contingente de trabalhadores civis da Base das Lajes, nos Açores.
Ao abrigo do ‘Acordo Bilateral de Defesa e Cooperação’, os americanos podem usufruir de serviços nas Lajes e há um contingente de trabalhadores para o efeito, afeto ao governo americano.
Estes funcionários recebem de duas em duas semanas. Na sexta-feira, 9, souberam que não iriam receber três dias do ordenado em outubro. Os funcionários denunciaram o caso e temem que não venham a receber o restante salário.
O Governo Regional dos Açores, através do seu vice-presidente, Rui Lima, já pediu ajuda ao Governo da República, através do Ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel. Rui Lima terá enviado uma carta ao ministro. “O Governo dos Açores faz mais essa insistência para que o Governo de Portugal também possa voltar a diligenciar e enfatizar a importância dessa questão para um concelho pequeno como é a Praia da Vitória”, sublinhou.
Uma situação destas, garante o vice-presidente açoriano, “até agora, nunca aconteceu”: “Já houve pelo menos dois ‘shutdowns’ que eu me lembre. A informação que eu tenho é que se deveu ao ‘shutdown’ norte-americano e que, desta vez, por alguma circunstância, atingiu também trabalhadores portugueses da Base das Lajes. Mas não foi só na Base das Lajes. Atingiu bases por todo o mundo, mas nós temos é de tratar do nosso problemazito, do que nos afeta e como podemos, talvez, melhorar”, alertou, ainda, Rui Lima.
O Governo Regional está preocupado com a estabilidade financeira e impacto social desta situação nos açorianos da Terceira. Por isso, Rui Lima espera que Paulo Rangel, por via diplomática, consiga resolver o problema junto da administração norte-americana, até porque a situação “coloca em causa a dignidade dos trabalhadores” abrangidos pelo Acordo de Cooperação e Defesa entre Portugal e os Estados Unidos.