Começou esta quarta-feira, dia 10, o julgamento de Pedro Frazão, de 50 anos, por difamação agravada com publicidade contra José Manuel Pureza (66), novo coordenador do Bloco de Esquerda (BE).

Em causa, recorde-se, está uma publicação do deputado do Chega, na rede social X, em 2021, onde partilhava o vídeo de uma jovem militante do partido até há bem pouco liderado por Mariana Mortágua, que se queixava de ter sido assediada por um “indivíduo, que tem 62 anos e faz parte do BE”.

Sobre a referida publicação, o vice-presidente do Chega escreveu: “Já não há Pureza no Bloco de Asquereza? #MeToo.” Frazão aproveitou ainda para deixar uma pergunta: “Quem será o nojento de 62 anos?”

Os comentários de Pedro Frazão já não são possíveis recuperar, visto que a conta onde os fez foi banida.

No vídeo da queixa, a jovem refere que o agressor “criou uma conta falsa, no então Twitter, a intitular-se de mulher”: “Seguiu-me e a outras pessoas que andava a assediar. Pedi-lhe para parar, percebi logo quem era, e expus a identidade dele para outras pessoas.”

O BE teve conhecimento da situação na altura dos acontecimentos: “O Bloco teve conhecimento de denúncia sobre essa matéria e iniciou uma averiguação”, disse o partido, em declarações ao Observador, acrescentando que o suspeito “não tem qualquer responsabilidade de direção”, como era o caso de José Manuel Pureza.

De acordo com a acusação do Ministério Público (MP), a que a Lusa teve acesso, o deputado do Chega “tinha perfeita consciência” de que o coordenador do BE “pertencia aos órgãos do Bloco de Esquerda, que havia sido eleito deputado por aquele partido e que tinha 62 anos de idade”.

O MP acrescentou ainda que Pedro Frazão “estava ciente de que as palavras que escreveu, por terem sido publicadas em conta em rede social (…), eram passíveis de ser visualizadas por um público alargado”.

Veja o vídeo da denúncia da jovem que se queixava de assédio: