Umo Cani, 36 anos, guineense, vivia em Portugal há quase um ano. Tinha visto de residência e, ao contrário do que disse a ministra da Saúde, Ana Paula Martins, já tinha sido vista nos cuidados primários de saúde, no Centro de Saúde de Agualva e foi enviada para seguimento, no hospital Amadora-Sintra.
A mulher tinha visto de residência desde dezembro de 2024, mas foi à Guiné-Bissau, para estar com o marido e os outros três filhos. Lá engravidou pela quarta vez, gestação que se revelou fatal para ela e para a bebé. Por ter engravidado, estava de volta a Portugal.
Familiares, também residentes no nosso país, e amigos da família estão revoltados com o que aconteceu e já revelaram, aos jornalistas, o que se passou, mostrando inclusive documentos. Afinal, Umo Cani já tinha ido a uma primeira consulta, à 26.ª semana de gestação, no dia 14 de agosto. Estava inscrita desde 14 de julho nos cuidados de saúde primários da UCSP de Agualva.
De acordo com uma amiga da família, Umo Cani foi encaminhada para consulta no hospital Amadora-Sintra, devido a “alto risco obstétrico”, no entanto, só voltou a ser vista à 38.ª semana, na quarta-feira, 29 de outubro, quando lhe foi diagnosticada “hipertensão ligeira”. Os médicos deram alta à guineense com indicação de internamento para a semana seguinte, a 39ª de gestação.
Dois dias depois de ter estado no hospital, a 31 de outubro, teve um episódio de falta de ar e dores no peito, por volta da meia-noite. Pediu ajuda à cunhada, com quem vivia, que chamou os meios de socorro. À chegada ao local, os bombeiros depararam-se com a mulher já em paragem cardio-respitatória. Ao mesmo tempo que faziam manobras de reanimação, contactaram o CODU e a VMER do Amadora-Sintra foi ativada. Umo Cani não voltou à vida e o óbito foi declarado em casa.
A mulher, já cadáver, foi levada de urgência para o hospital para que a bebé pudesse ser retirada viva, através de cesariana. A criança também se encontrava em “estado crítico” e acabou por morrer no dia seguinte, domingo, 1.
Carlos Sá, presidente do Conselho de Administração do Amadora-Sintra, demitiu-se, na sequência desta morte. Foi aberto um inquérito interno para averiguar tudo o que aconteceu e apurar possíveis responsabilidades.