Todos são iguais perante a lei, mas há uns que são mais iguais que outros. O advogado Reinaldo Veloso Martins que o diga. Batalhou para que o seu cliente Nuno Durães Lopes fosse ouvido pelo procurador Rosário Teixeira. Em vão!
Nuno Durães Lopes era suspeito na Operação Cartão Vermelho – o inquérito conduzido pelo inspetor Paulo Silva e pelo procurador Rosário Teixeira à intervenção de Luís Filipe Vieira nos negócios de compra e venda de jogadores que, segundo o Ministério Público, geraram comissões de 10 milhões de euros. Entre os beneficiários, o advogado Bruno Macedo, de Braga.
O ex-presidente do Benfica foi detido. Com ele, o filho, Tiago, o empresário José António dos Santos e, naturalmente, Bruno Macedo.
Rosário Teixeira e Paulo Silva também deitaram a unha a um fiel colaborador de Bruno Macedo – o empresário António Rodrigues de Sá que, por sua vez, arrastou na devassa o amigo Nuno Durães Lopes.
Durães Lopes, apertado, constituiu Reinaldo Veloso Martins seu defensor. Queria ser ouvido. O advogado bem tentou que o procurador se dignasse ouvi-lo. Debalde!
Até que entra em cena o advogado José Pedro Gomes. É amigo do inspetor Paulo Silva e próximo do procurador Rosário Teixeira. Nuno Durães, que nunca mais era ouvido, foi recebido pelo procurador num instantinho.
O advogado, tal como o 24 Horas já revelou, tornou-se num especialista em aparecer nos vários processos do amigo Paulo Silva com testemunhas que corroboram a acusação.
O depoimento das testemunhas tem um único objetivo: livrar quem depõe de vir a ser acusado em benefício da acusação. É uma espécie de delação premiada. Mas um truque à margem da lei.
O advogado de Nuno Durães, Reinaldo Veloso Martins, bem se esforçou para o seu cliente ser ouvido. Sem êxito. Com José Pedro Gomes, Durães até passou de arguido a testemunha de acusação.
Outro arguido da Operação Cartão Vermelho, António Rodrigues de Sá, também passou a testemunha.
Durães Lopes e António Rodrigues de Sá colaboraram na criação de diversos contratos para justificar a circulação de fundos entre Luís Filipe Vieira e Bruno Macedo. Ambos ficaram livres da acusação a troco da denúncia.