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  • '99 por cento dos grupos de media são mal geridos', Filipe Alves, diretor do DN
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Na Cova da Moura, sete amas acolhem durante o dia crianças do bairro. O projeto das creches familiares mostra uma outra face do bairro da Amadora que, por vezes, é considerado problemático.

Emília, Isabel, Ana e Elisa têm algo em comum: a paixão pelas crianças que cuidam como se fossem do seu próprio sangue. “O que eu gosto nas crianças é a amizade que fica. Já criei filhos de miúdos que foram criados aqui com a minha mãe”, afirma Emília Alves, 61 anos, uma das amas que trabalha na creche comunitária há 20 anos. Este serviço surgiu em 2001 na Associação Cultural Moinho da Juventude, no bairro da Cova da Moura, na Amadora. Cada uma das sete amas acolhe nas suas casas quatro crianças entre os três meses e os quatro anos.

As amas da Cova da Moura dão resposta às crianças da comunidade que não têm possibilidade ou vagas para entrar num equipamento escolar. É um serviço gratuito para os meninos inscritos na Segurança Social.

Chegámos à casa de Emília, que já se encontra animada com a agitação dos meninos. Emília abre a porta com Hakeen ao colo, um bebé prematuro agora com seis meses. Ao fundo, ouve-se outra criança a gritar. “Se fizermos birra com eles é pior. Se dermos muita atenção já sabem que conseguem levar a deles a avante”, avisa a ama. A sala é totalmente dedicada às crianças, com bancos e brinquedos em toda a parte. A luz falha devido à chuva, que faz curto-circuito nas “puxadas”.

O dia de Emília começa bem cedo, por volta das sete da manhã. Por vezes, aceita os meninos ainda mais cedo, dependendo das necessidades dos pais ou de outros familiares responsáveis.

Antes de fazer parte deste projeto da Associação Cultural Moinho da Juventude, já era ama com a mãe. Quando apareceu esta oportunidade, Emília transformou o espaço na casa onde nos encontramos e candidatou-se ao programa. “O que é necessário para ser uma boa ama? Eu acho que, em primeiro lugar, muito amor. Em segundo paciência”, refere.

Estão cinco crianças na sala. Perguntámos o porquê de haver uma menina a mais. “É a Beatriz, a minha neta”, uma rapariga de seis anos que, apesar de não fazer parte do grupo, diverte-se com as outras crianças. “Trato todos os pequenos como se fossem meus filhos ou os meus netos”, afirma Emília.

Algumas ruas acima neste bairro de autoconstrução, reside Isabel Andrade, 69 anos. “Quando estou com eles é como se revivesse os momentos de avó”.

Isabel vive no primeiro andar de um edifício com dois pisos. A sua casa não tem campainha, mas, para chamá-la, a partir da rua puxamos uma corda, onde estão pendurados brinquedos que chocalham junto à janela. Leandro, Vitória e Kiandro já estão a brincar.

Isabel é uma das amas mais antigas da creche familiar e garante que a companhia das crianças faz com que não se sinta sozinha no dia a dia. “Gosto muito de me divertir com eles”.

“Nós tentamos desenvolver um trabalho que se equipare a uma creche dita normal, mas a vantagem é que na casa da ama o contexto é muito mais familiar”, afirma Alexandra Avelar, 34 anos, assistente social da Associação do Moinho da Juventude.

Existe também uma equipa técnica que acompanha o desenvolvimento individual de cada criança. “Caso seja necessário podemos acionar uma equipa de intervenção local para qualquer tipo de acompanhamento, como a terapia de fala”, menciona Alexandra.

A única atividade que não é gratuita é a de Expressão Musical, que acontece às terças-feiras e tem o custo simbólico de dez euros por mês.

Fomos ao encontro das amas no dia do ‘puzzle’ – dedicado a brincadeiras com este tipo de jogo. Na casa de Ana Gomes, 58 anos, encontra-se Guilherme, que brinca enquanto Alana está a dormir.

O dia da Ana começa às nove horas, altura em que as crianças começam a chegar. Fazem o que está proposto na planificação de atividades, almoçam, dormem, lancham e vão embora às 18 horas. “Não é suposto ficarem até mais tarde, mas se a mãe avisar não há problema”, garante a ama.

Na entrada da sala está pendurada uma fotografia de grupo com Ana, as crianças de quem cuida e os respetivos familiares. Lá dentro encontram-se berços, uma mesa para lanchar e realizar as atividades, materiais para desenhar e brinquedos.

Ana era empregada doméstica antes de ser ama. Um problema na coluna começou a dificultar-lhe as tarefas do dia a dia. Decidiu mudar de profissão e candidatar-se à creche familiar.

Desde fevereiro de 2024, que as amas familiares trabalham a contrato, uma vitória que demorou 23 anos a ser conquistada. “Há muitos anos tínhamos 20 amas a trabalhar connosco, mas por ser a recibos verdes, muitas desistiram”, revela Alexandra Avelar.

O processo de candidatura passa por várias etapas. A candidata tem de residir no concelho da Amadora. Numa primeira fase é entrevistada pelo Gabinete de Inserção Profissional, do Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP). Depois, é entrevistada pela Segurança Social. Por fim, as técnicas responsáveis vão ao espaço ver se está tudo em conformidade, para receber as crianças. Caso contrário, as amas têm de regularizar o que falta como, por exemplo, tapar uma tomada.

Alexandra Avelar explica que as candidatas não precisam de ter experiência prévia, dado que o Gabinete de Inserção Profissional fornece uma formação contínua a cada três meses. Foi o que aconteceu com Elisa Lopes que se inscreveu numa formação na Associação do Moinho da Juventude. Estagiou fora do bairro e depois a Segurança Social aprovou o espaço, na sua casa, e começou a trabalhar como ama na creche familiar.

Antes de ser ama, trabalhava como ajudante de cozinha e, mais tarde, como cozinheira. Mas estes trabalhos não a faziam sentir-se realizada. “Ser ama é muito difícil, mas é muito gratificante. Por exemplo, quando vou ao supermercado, já na minha vida fora do trabalho, costumo ouvir muitas vezes a dizerem ‘mãe, mãe’, sendo que eles [crianças] estão ao pé das próprias mães”, afirma Elisa.

Quando o 24Horas chegou à casa de Elisa, as crianças já almoçavam, porém, a refeição veio de fora. As amas não cozinham enquanto estão a trabalhar, sendo a Associação Cultural Moinho da Juventude a responsável pela entrega da comida.

Este tipo de projeto de creches familiares existe noutros bairros do país. Porém, em 2001, a Cova da Moura foi a pioneira neste tipo de serviço aberto à comunidade.

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