Angola criticou duramente as recentes declarações de André Ventura. Num direto da TPA Notícias, o jornalista Ernesto Bartolomeu sublinhou que o colonialismo português não apenas escravizou povos africanos, como também afetou gravemente o povo português.
O pivô da estação pública angolana fez questão de referir que se André Ventura estivesse informado, saberia que o movimento dos Capitães de Abril ocorreu porque jovens portugueses foram enviados como “carne de canhão” para as colónias. Lembrou ainda que Portugal foi, durante séculos, um dos países mais atrasados da Europa e só conseguiu desenvolver infraestruturas, como autoestradas, após entrar na então CEE.
A emigração portuguesa também foi destacada na resposta: Angola apontou que cerca de 2 milhões de portugueses vivem fora do País, em França, Holanda, Bélgica, Suíça e Alemanha. “Se se incluírem os lusodescendentes, a população portuguesa no exterior chega a quase 30 milhões, cerca de três vezes superior à residente em Portugal.”
De seguida, Ernesto Bartolomeu salientou que os angolanos em Portugal são apenas 92 mil, um número muito inferior ao de portugueses que escolheram viver em Angola, sublinhando que esta realidade demonstra o “equívoco” de André Ventura. Por fim, acrescenta que, mesmo que o líder do Chega ganhe as eleições presidenciais, dificilmente conseguiria compreender a complexidade da sociedade portuguesa contemporânea.
As declarações de Ventura, recorde-se, surgiram pouco depois das comemorações do aniversário da independência de Angola (11 de novembro), altura em que afirmou que o colonialismo português não humilhou os povos africanos. Para além disso, o líder do Chega anunciou a intenção de propor um voto de condenação aos presidentes João Lourenço e Marcelo Rebelo de Sousa, acusando-os de humilhar Portugal num discurso sobre colonialismo, desencadeando críticas intensas e esta reação oficial.