Afinal, o Conta Lá não é bem um canal de televisão, tem dias… Só teve duas emissões especiais, com a devida interrupção pelo meio: uma sobre agricultura e outra um ‘Especial Eleições Autárquicas’. Durou pouco mais de um mês e, por isso, na segunda-feira, 13, as três operadoras de TV por cabo ‘mandaram abaixo’ o canal liderado Sérgio Figueiredo, deixando, no caso da Meo, no lugar das suas emissões uma mensagem com um singelo “voltamos brevemente”.
“Temos muitos destes projetos, que são aquilo que chamamos canais pop-up. Têm um projeto interessante, pontual, e que emitimos, foi o caso do Conta Lá. Poderá voltar com outro projeto pontual ou noutro formato, não sabemos”, explica fonte oficial da Altice, detentora da Meo, confrontada pelo 24Horas com o facto da posição 14 daquele operador ostentar desde há dias um enigmático ‘voltamos brevemente’. E a mesma fonte dá um outro exemplo: “Isto acontece muito. Vejam o caso da ModaLisboa que, enquanto decorre o certame, tem um ‘canal’ dedicado a isso, e quando acaba, esse ‘canal’ também acaba”, explica.
E sobre o cartão prometer um regresso em breve, a Altice que não garante que se esse regresso ocorrer, seja feito na mesma posição que ocupou até há dias, justifica que isso apenas se deve a uma questão de comunicação: “Temos sempre de fazer isso, para o público não achar que há uma falha, ou um problema técnico, não se pode tirar o canal de repente, daí o cartão”.
Por outro lado, a Vodafone Portugal dá explicação semelhante. “A Vodafone disponibiliza pontualmente emissões temporárias de conteúdos TV, quando solicitado pelos respetivos fornecedores e após devidamente analisados os contornos de cada um dos pedidos.”
Ainda segundo aquele operador, foi isso que aconteceu com o canal Conta Lá, que ocupou a posição 999 na grelha da Vodafone TV, entre 5 e 14 de outubro, permitindo acompanhar os debates entre os vários candidatos às eleições autárquicas, nos vários concelhos do país”.
No entanto, em declarações ao 24Horas, uma fonte da Vodafone acaba por admitir que o projeto formalmente liderado por Sérgio Figueiredo poderá voltar em definitivo: “Poderá ser lançado nos próximos meses, nessa mesma posição, na 999”.
Recorde-se que este projeto, apesar da sua curta duração, tem vindo a somar polémica sobre polémica. O Correio da Manhã revelou há algumas semanas que o Conta Lá possui uma componente imobiliária na zona de Almada, no âmbito do projeto Arco Ribeirinho, que supostamente é apresentada aos possíveis investidores como uma “oportunidade única” e a principal razão deste projeto, para muitos liderado na sombra por António Mexia, o antigo presidente da EDP afastado do comando da elétrica nacional na sequência de algumas acusações de corrupção ativa.
Por outro lado, o envolvimento de Maurício Valente Ribeiro, uma personagem que tem acumulado queixas e acusações de burla, e que é apresentado como uma das ‘caras’ do Conta Lá, também tem gerado alguma controvérsia e estranheza.