Passaram dois anos desde o violento atropelamento de Carlos Sales, de 56 anos, em Alcochete, que o deixou com graves sequelas físicas e psicológicas. O caso, que envolve o cantor Rúben Aguiar, de 38 anos, continua sem desfecho: o Supremo Tribunal de Justiça, em Lisboa, adiou para quinta-feira, dia 6, a decisão que poderá determinar se o músico cumpre efetivamente pena de prisão ou se mantém o regime de prisão domiciliária.
Os factos remontam a abril de 2023, quando uma discussão entre ambos, junto a uma bomba de gasolina, terminou de forma trágica. Rúben Aguiar atropelou Carlos Sales e abandonou o local sem prestar qualquer auxílio. A vítima sobreviveu, mas tem enfrentado uma recuperação longa e dolorosa, marcada por várias cirurgias e tratamentos dispendiosos.
O cantor foi condenado, em primeira instância, a seis anos de cadeia, pelo crime de tentativa de homicídio, decisão confirmada pelo Tribunal da Relação. Ainda assim, encontra-se em prisão domiciliária, controlado por uma pulseira eletrónica, enquanto aguarda o desfecho do recurso apresentado ao Supremo. A defesa de Rúben Aguiar tenta a requalificação do crime para ofensas à integridade física, o que permitiria evitar o cumprimento da pena em estabelecimento prisional.
Carlos Sales, que não recebeu ainda a indemnização de 40 mil euros fixada pelo tribunal, vive com as consequências físicas e emocionais do atropelamento. Segundo o seu advogado, Pedro Nogueira Simões, “a demora é incompreensível e dolorosa”. O causídico lamenta que, após dois anos, o processo continue sem resolução: “O meu cliente foi submetido a três cirurgias e pagou todos os tratamentos do próprio bolso. É natural que sinta descrença na justiça perante tanta demora.”
A decisão do Supremo, agora marcada para esta quinta-feira, 6, será determinante para definir se Rúben Aguiar cumprirá pena efetiva de prisão ou continuará em casa, sob vigilância eletrónica.