A pianista portuguesa Maria João Pires, de 81 anos, recebe este sábado, dia 1 de novembro, o Prémio Europeu Helena Vaz da Silva para a Divulgação do Património Cultural 2025, numa cerimónia que decorre na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.
Criado em 2013 pelo Centro Nacional de Cultura em parceria com a Europa Nostra e o Clube Português de Imprensa, o prémio distingue personalidades europeias que se destacam na valorização e divulgação do património cultural. O júri destacou Maria João Pires como “uma das pianistas mais poéticas e influentes da Europa”, elogiando também o seu papel enquanto “educadora visionária, pensadora cultural e revolucionária silenciosa no domínio do património musical”.
Com uma carreira internacional de décadas, Maria João Pires afirmou-se como uma das intérpretes mais respeitadas do panorama musical europeu. Ainda assim, a artista tem vindo a afastar-se gradualmente dos palcos, confessando uma relação diferente com o piano e com a vida artística. “Já não sou pianista. Fui pianista muitos anos”, disse em entrevista à Rádio Renascença (RR), reconhecendo que “o stress do palco, o cansaço, as viagens excessivas e o esforço físico” a levaram a preferir tocar fora do ambiente de concerto.
“Neste momento não toco muito [piano], parei um pouco. Não quer dizer que não faça as ‘pazes’, mas houve um certo trauma”, acrescentou.
Para Maria João Pires, o prémio representa sobretudo uma forma de reconhecimento coletivo. “Ter um prémio corresponde a ter uma honra. Ter uma honra e tomar consciência dela é lembrar ao pormenor todas as pessoas que deram do seu tempo, colaboraram e ajudaram a que essa honra fosse atribuída. Por isso, a minha primeira reação será sempre dizer ‘muito obrigado’ a todos por esta oportunidade.”