Afinal, vai mesmo haver cortes no SNS. Uma nota explicativa, divulgada pela Lusa, estima para 2026 uma redução de 208 milhões de euros (-6%) nas compras de medicamentos e material de consumo clínico, em linha com a variação de 10% considerada no OE2026.
Refere também que o aumento do consumo de medicamentos e material de consumo clínico no Serviço Nacional de Saúde (SNS) registado em 2025 reflete o crescimento da atividade assistencial, nomeadamente a atividade cirúrgica, o envelhecimento da população e a introdução de terapias inovadoras, especialmente em áreas como oncologia, infecciologia e doenças crónicas.
Contactado pela Lusa, o especialista em economia da saúde Pedro Pita Barros disse não ser claro como se compatibiliza o corte previsto com o aumento da atividade assistencial. “Significa que só é compatível ter esse corte com aumento de atividade e aumento de utilização de medicamentos e outras coisas, se houver uma redução dos preços aos quais compram”, disse o especialista, acrescentando: “Se eu vou gastar menos, mas vou consumir mais, então tem de ser o preço que tem de baixar o suficiente para compensar”.
O especialista disse que o orçamento para a saúde lhe parece mais “uma ficção”, questionando como vai ser distribuído no Serviço Nacional de Saúde.
“Era importante perceber se as receitas esperadas para o SNS compensam a despesa que vai ser feita no SNS”, afirmou, sublinhando: “Se estão a usar a despesa prevista para 2025 como base para o acréscimo para 2026, e não a despesa efetiva previsível, estamos a entrar outra vez com aquela velha discussão da suborçamentação”.