Num movimento que ilustra a crescente digitalização das operações de inteligência, o MI6 – serviço secreto britânico – lançou recentemente um portal na ‘dark web’, denominado “Silent Courier”, com o objetivo declarado de recrutar espiões, sobretudo em território russo.
A aposta do MI6 na ‘dark web’ representa uma viragem estratégica: ao recorrer a canais encriptados e de difícil rastreamento, Londres procura contornar os apertados mecanismos de vigilância russos e captar informadores dispostos a colaborar com o Ocidente.
O chefe do MI6, Richard Moore, foi claro ao afirmar que “há russos que compreendem o verdadeiro custo da guerra de Putin e querem fazer a coisa certa”. O apelo direto a cidadãos russos, através de plataformas digitais, é inédito e revela a urgência de obter informações num cenário internacional cada vez mais opaco.
A utilização da ‘dark web’ pelo MI6 poderá inaugurar uma nova era no recrutamento de espiões, mas também expõe os riscos de escalada tecnológica entre potências rivais. O impacto a longo prazo dependerá da capacidade das democracias ocidentais em equilibrar eficácia operacional com respeito pelos direitos fundamentais.