Mauro Davi dos Santos, de 25 anos, publicou nas redes sociais um desabafo contundente acerca da megaoperação que está a decorrer nos Complexos do Alemão e da Penha, no Rio de Janeiro, desde terça-feira, dia 28, e que já resultou em pelo menos 132 mortos e 81 detidos.
“Maior chacina da história do Rio de Janeiro. O crime é o reflexo da sociedade. O dia que eu ver a favela chorar e não vir aqui falar desse sistema sujo, não vou estar sendo eu. Minha alma sangra, se tirar o fuzil existe o ser humano. Eu nunca vou achar normal a polícia entrar em uma favela e matar 70 pessoas quando o que sempre faltou foi oportunidades, favela tem família, favela não é parque de diversão da burguesia, favela é campo de concentração?”, escreveu Oruam – como é conhecido –, nas suas redes sociais. Além deste desabfo, Oruam publicou vários vídeos onde fala desta intervenção policial e muitas fotografias com as vítimas mortas.
Oruam carrega uma biografia marcada por ligações familiares controversas. É filho de Márcio dos Santos Nepomuceno, conhecido como Marcinho VP, um dos líderes do Comando Vermelho e que foi detido no final de agosto de 1996 em Porto Alegre e condenado por tráfico de drogas e homicídios, sendo apontado pelas autoridades como figura central da organização.
Paralelamente, o ‘tio’ de Oruam é Elias Maluco (Elias Pereira da Silva), outro antigo integrante do Comando Vermelho, condenado pela morte do jornalista Tim Lopes, em junho de 2002.
Na esfera musical, o jovem ganhou notoriedade com o lançamento da música ‘Invejoso’ em 2022, e conta já com presença no mercado internacional, incluindo a sua passagem por Portugal em 2024. Contudo, o músico também foi alvo de detenções, em 2025, por suspeitas de associação ao tráfico e resistência à autoridade.
Em julho, o rapper teria arremessado pedras contra agentes policiais durante uma operação que visava prender um adolescente ligado ao Comando Vermelho. De seguida fugiu da sua habitação até ao Complexo da Penha – onde atualmente decorre a megaoperação – e divulgou um vídeo a desafiar os policiais a irem buscá-lo na zona onde seria proibido a entrada das autoridades.