O antigo primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, fez uma advertência ao Governo para que pare de evitar a tomada de “decisões importantes” e encorajou o executivo de Montenegro a pensar no futuro.
Num discurso no Congresso Internacional do Cooperativismo, em Lisboa, o ex-governante considerou que por via do “medo da reação das pessoas” é atribuída em Portugal e na Europa demasiada “urgência ao curto prazo e uma importância demasiado relativa ao médio e ao longo prazo”.
“Sempre achei que é preferível enfrentar a consequência negativa do julgamento eleitoral fazendo alguma coisa que nos parecesse ser indispensável a pensar no futuro e continuo a pensar que é isso que vale a pena. A política, ao contrário do que muitos pensarão, não acaba a cada eleição. Porque em todas as eleições se pode perder e se pode ganhar. Mas na verdade só há eleições para perder e para ganhar para quem olha para o futuro de uma forma não passiva”, sustentou o social-democrata.
Passos aproveitou ainda o momento para alertar o Governo de que acabou o tempo “das margens de manobra que permitem ir adiando decisões importantes”, relembrando que “já não vale a pena haver mais cálculos eleitorais”, propensos à perda de tempo com “preocupações distributivas”.
Pese embora os reparos à legislatura da AD, o conservador não se coibiu, no entanto, de elogiar o Governo por conseguir “retirar à discussão orçamental em Portugal o dramatismo que durante tanto tempo” vigorou. Isto por considerar que o Orçamento do Estado é um instrumento para que o executivo assegure as suas obrigações externas e internas, e por isso não ser palco de outras discussões.
“Todos os setores sociais gostarão de receber alguma atenção do Estado e alguma atenção financeira, mas ninguém perdoa, no futuro, que os Governos não façam aquilo que é preciso a olhar para o futuro. E esse é que é o ponto. Todo o dinheiro que é distribuído no dia-a-dia está distribuído, está gasto”, sublinhou.
O transato líder governativo disse também que, quando se “evita tomar decisões tão importantes no tempo certo” fica-se “condenado a tomá-las fora de tempo”, o que traz sempre “um resultado pior”, lamentou. Justificando que, tal sucede “porque elas não são tão efetivas e têm sempre de ser mais drásticas do que seriam se tivessem sido tomadas na altura certa. Eu creio que este é o momento, portanto, para fazer esse alerta. Quer em termos europeus, quer em termos nacionais”.
 
								 
								 
								 
													 
													 
								 
								 
								 
								 
								 
								 
								 
								