As sucessivas polémicas envolvendo o Ministério Público estão a provocar um profundo desconforto no Procurador-Geral da República que, pese embora apenas ter assumido o cargo ainda não faz um ano, já pensa seriamente em poder vir a bater com a porta do palacete da Rua da Escola Politécnica.
Nos últimos dias, junto de amigos e colegas mais próximos, Amadeu Guerra, 70 anos, procurador de carreira, não tem escondido algum “cansaço” com o desempenho do cargo, em grande parte devido aos inúmeros casos que o Ministério Público (MP) tem protagonizado.
O recente caso envolvendo o juiz Ivo Rosa que, soube-se, foi alvo de, pelo menos, três inquéritos por parte do MP com base em outras quantas denúncias anónimas, bem como a polémica que ontem envolveu o próprio-ministro, que foi confrontado publicamente com a suposta intenção de alguns procuradores em abrir um inquérito judicial sobre o ‘caso Spinumviva’, são duas situações que, segundo quem priva com Amadeu Guerra, deixaram o PGR profundamente incomodado: “Quem o conhece, percebe bem que está farto e cansado, e com muita pouca paciência para lidar com este excesso de protagonismo que certos setores do MP não conseguem esconder”, confidenciam ao 24Horas.
Recorde-se que Amadeu Guerra, jubilado desde 2020, ou seja, a gozar a reforma há 4 anos, aceitou voltar ao ativo no ano passado, após um convite que lhe foi dirigido para substituir Lucília Gago, cujo mandato à frente da PGR somou polémicas e casos. Na altura, a escolha de Guerra, foi vista com agrado na generalidade dos setores da sociedade portuguesa, e teve claramente como principal objetivo pôr a casa em ordem, leia-se, recuperar e repor a credibilidade e autoridade de um Ministério Público.