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  • 'Pessoas que acham que uma piada é equivalente a uma agressão, são pessoas que nunca levaram uma boa carga de porrada', Ricardo Araújo Pereira
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“Estava tudo à frente do nosso nariz”. É esta a tese que João Miguel Tavares, autor do livro ‘José Sócrates, Ascenção (1957-2005″.

Numa longa entrevista ao Público, onde tem uma coluna de comentário, Tavares descreve a metodologia: recolheu centenas de recortes de jornais que foi guardando ao longo dos anos. O fio da história à medida do quotidiano. Mas, ao mesmo tempo, faz algumas comparações, nunca antes feitas. Entre Sócrates e Salazar. Sócrates e Marcelo Caetano. Sócrates e Cavaco Silva. Todos têm algo em comum: “Sócrates é muito singular: é o primeiro primeiro-ministro na História de Portugal que não tem duas coisas: estatuto familiar (não vem da nobreza, alta burguesia, nem sequer das elites de Lisboa e do Porto), o que não é único. Salazar, Marcelo Caetano e Cavaco Silva não têm nada disso”. Algo os distingue: “O que Marcelo Caetano, Salazar ou Cavaco tinham, e que Sócrates não tem, é um percurso académico de excelência. Sócrates não teve nada disso. E é o primeiro”.

Mas há outra comparação que chama ainda mais a atenção. “Se aparecer um novo Sócrates, o país responderia melhor? Não sei. Quando olho para Luís Montenegro, e para o caso Spinumviva – não quero comparar Montenegro com Sócrates porque a história não se repete…”, afiança o autor do livro. Mas a comparação é evidente. “Estou a fazer estes ‘caveats’ [advertências] para explicar as limitações da comparação. Não estou a dizer que vai ser a mesma coisa e que vamos descobrir que tinha milhões e um grande amigo”, diz. Mas, de seguida, volta a comparação: “É novamente, um político que tem uma história a nível autárquico e municipal, numa cidade longe de Lisboa – Espinho -, que ninguém conhece, e que os jornalistas, mais uma vez, não foram escrutinar, o que é inacreditável”.

E prossegue, sobrepondo Montenegro a Sócrates, como uma cópia em papel químico: “Chega a primeiro-ministro sem se saber que empresas tinha e o que faziam. Aquilo que soubemos da Spinumviva depois de ele ser primeiro-ministro. Aquilo que sabemos da Spinumviva depois de ele ser primeiro-ministro, não podíamos ter sabido antes de ele ser primeiro-ministro? Podíamos. Mais uma vez, não estamos a fazer escrutínio”.

Agora que se aproximam as eleições presidenciais, João Miguel Tavares alerta, ainda mais, para o escrutínio sobre os políticos. Para que não haja mais comparações. “Vamos ter uma eleição para Presidente da República. Os candidatos vão ser escrutinados? Há dois livros sobre o almirante [Gouveia e Melo], mas, mais uma vez, a investigação é limitada, são livros que traçam retratos maioritariamente positivos. Quem é que realmente escrutina? Marques Mendes é candidato e é um advogado de negócios. Alguém sabe quais são os clientes de Marques Mendes? O que é que ele fez? A mesma coisa se António Vitorino tivesse concorrido. Não é voyeurismo, é querer ter um país mais atento às coisas óbvias”.

Ao longo da obra, João Miguel Tavares traça o retrato de José Sócrates: do homem da ‘província’ ao cosmopolita que faz viagens de luxo. Do jovem que vinha da Covilhã ao ‘político Armani’. “Sócrates entra numa escola [média] que nem pertence à Universidade de Coimbra. Essa é uma das pequenas histórias que conto no livro. (…). A diferença é que ele vem de um sítio diferente e vem com um ressentimento social quando esbarra em Lisboa”.

Sócrates queria mais. Queria entrar na alta roda dos políticos. Educado, contido, bem vestido mas discreto. Apenas tramado pelo que o dinheiro pode dar. Uma trajetória, no que a isto toca, muito diferente da de Cavaco Silva: filho de um gasolineiro, mesmo com bons estudos, sempre comeu com as mãos e a boca aberta. Lembra-se da cena do bolo rei, quando era Presidente?

José Sócrates não faz corar pela falta de modos, mas pela ascensão ao poder, apesar de tudo com alguma meritocracia e engenho. “Sócrates tem esse caminho sempre difícil: primeiro afirma-se na sua terra e depois há o esforço extra por não pertencer às elites do poder lisboeta”, recorda João Miguel Tavares. E, afinal, não foi só sua a culpa pela desgraça em que caiu. “Paradoxalmente, a ascensão de Sócrates, em boa parte, é meritocrática. Ele era o melhor. Ele era bom. Vem da província e ascende por mérito próprio. Quando diz ‘sou o primeiro-ministro que a direita sempre sonhou ser’ é verdade. Ele tinha qualidades muito grandes. É uma pena querer aquele dinheiro todo”.

E de Lisboa, Sócrates fez-se ao mundo para apurar o estilo, chegando a entrar na lista do concurso “Sexy Platina” do Correio da Manhã. “Dou alguma importância no livro à evolução do estilo e do vestuário de Sócrates. (…) Há um lado macho alfa em Sócrates e um trabalho enorme de construção da imagem que é fundamental para a sua credibilização. Há o lado do estilo – a roupa, o penteado -, e há o lado académico, o não estar satisfeito com o que era o seu passado e querer uma integração plena”. Recorde-se que, depois do curso técnico de engenharia, Sócrates estudou e muito, até chegar a uma pós-graduação em Filosofia, em Paris.

No que toca ao estilo “há diferenças entre a evolução a nível de ostentação que ele tinha. Falo da House of Bijans, em Los Angeles, onde Sócrates comprava roupa, uma das lojas mais caras do mundo”. Por cá, sempre gostou da Oficina Mustra, uma loja de fatos e outros artigos à medida, que só fica ao alcance dos bolsos mais cheios.

Sócrates não tem berço nem herança. Isso contrasta com os sinais exteriores de riqueza que começou a ostentar. De uma pequena casa na Praça das Flores a um luxuoso apartamento no Heron Castilo, um prédio para ricos com o Marquês de Pombal à vista. João Miguel Tavares, a páginas tantas, diz que “era muito fácil para qualquer pessoa verificar que os sinais exteriores de riqueza de Sócrates foram sempre em crescendo, desde a década de 1980 até à década de 2010”.

Tavares, na entrevista ao Público, explica: “Há uma progressão nas casas que compra, nas férias que faz, no nível de vida que tem. Uma evolução em coisas às vezes tão simples como os carros em que anda. Isso não bate certo com a história da herança. Esse sinais exteriores existem. As coisas que ele está a comprar não são justificadas pelo seu salário de político”.

Mesmo assim, ninguém questiona. “O meu ponto é: a vida que Sócrates fazia, e isso está claro no artigo da Focus, era uma vida que tinha fama, já antes de ser primeiro-ministro, e era uma vida luxuosa. Não eram só as férias. Eram os almoços que ele pagava aos amigos, a maneira como ele se movimentava, a roupa que vestia, os carros em que andava. (…) O Sócrates da década de 80 não tem nada a ver com o Sócrates da transição do século XX para o século XXI”.

Assim sendo, o autor conclui muito do que “estava debaixo do nosso nariz”. Se a herança foi em 1982-83, quando a mãe ficou subitamente rica, porque é que o Sócrates mais rico, o Sócrates da Braancamp, das roupas, dos restaurantes, só surge 20 anos depois?” e, adiante, desvenda: “A tese essencial deste primeiro volume é: Sócrates chegou ao poder sem escrutínio e já havia notícias que obrigariam a um escrutínio mais sério”.

O autor destaca a distração do eleitorado, dos políticos e das autoridades. Afinal, ninguém viu o que parecia tão evidente. “Para ser justo, traço a linha a partir da qual é pouco desculpável que as pessoas não vissem, a partir das desculpas em relação à licenciatura, em 2007, 2008. Ele é reeleito em 2009 e, em 2009, já tinham acontecido as coisas mais absurdas”.

Só que Sócrates tinha qualidades que o aproximavam mais de Cavaco Silva do que de António Guterres: era um reformista. “Esforço-me muito por explicar as qualidades de Sócrates, e há vários capítulos onde elogio a sua capacidade de fazer reformas e levar as coisas para a frente”.

O episódio em que levou uma garrafa com água suja do rio Alviela para a Assembleia da República ficou para a história do Parlamente. Era então deputado do PS e o PSD estava no Governo. “A garrafinha do Alviela é eficácia na comunicação e de conseguir que as coisas avancem”, resume o autor de ‘José Sócrates, Ascensão (1957-2005).

Foi também Sócrates a implementar uma das leis que, à época causou receio, mas veio a comprovar-se ser válida e, hoje em dia, bastante elogiada por todas as entidades relacionadas com a droga, do ICAD às diversas IPSS que lidam e tentam fazer uma minimização e controlo de danos a quem usa drogas.

Foi ele que descriminalizou a posse e o consumo de droga. “Estes senhores agora deixam de ir para a prisão porque são doentes, não são criminosos”, terá afirmado à época, 2001. Sócrates era, nessa altura, ministro adjunto do primeiro-ministro, no Governo de António Guterres, com as tutelas da Toxicodependência, Juventude e Desporto.

O autor afiança que “Sócrates é uma personagem fascinante. Achava vergonhoso quando ele era primeiro-ministro, porque as pessoas não pareciam ver aquilo que estava à frente dos olhos, mas hoje, ao escrever sobre ele, estou interessado em realçar que nenhum homem sem qualidades chega a primeiro-ministro”.

João Miguel Tavares ficou ainda mais indignado com o partido do governo que Sócrates liderava, em 2009. O Partido Socialista também parecia nada ver. Aliás, ainda hoje, já depois de Sócrates ter estado preso em Évora – onde recebeu várias figuras do partido – e com o Processo Marquês reaberto, José Sócrates tornou-se assunto tabu. “Há uma espécie de cultura omertà [de código de silêncio]. Mesmo dentro do PS, nunca ninguém veio dizer isto ou aquilo. Essa cultura continua. Uma das razões pelas quais escrevi este livro é pensar que Sócrates continua uma espécie de impensado”.

Para o autor “ninguém refletiu seriamente sobre ele. António Costa libertou aquela frase ‘este tipo enganou-nos’ mas disse isso na reedição da biografia de Joaquim Vieira sobre Mário Soares. (…) Costa foi muito hábil a colocar um cerco sanitário à volta de Sócrates e ele ficou aí.”

O silêncio tornou-se ensurdecedor. Sócrates foi ficando um homem cada vez mais só. Uma espécie de ostracizado de quem ninguém fala. Das visitas de amigos socialistas à solidão na Ericeira. Até o advogado Daniel Proença de Carvalho “fugiu”, deixando de o representar.

Por Évora passou Capoulas dos Santos, antigo ministro da Agricultura, acompanhando Sofia Fava, ex-mulher do preso. Fernando Gomes e António Guterres. Almeida Santos e Mário Soares.

O antigo ‘Presidente-Rei’, foi quem fez mais estrondo. “Todo o PS está contra esta bandalheira toda”, afirmou Soares, deixando duras críticas à prisão preventiva de Sócrates. Estávamos em 2014 e António Costa era secretário-geral do PS. Ninguém do círculo de Costa visitou Sócrates. Costa demarcava-se cada vez mais de Sócrates.

O autor, João Miguel Tavares resume a ascensão e o início da queda de Sócrates. “Durante meses ainda houve pessoas a defendê-lo nas televisões e nos jornais. É impressionante como, com o passar do tempo, tudo se foi esfarelando, até ele estar completamente sozinho”.

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