De acordo com o Índex Nacional de Acesso ao Medicamento, a que a Lusa teve acesso, a rutura de medicamentos nos hospitais públicos portugueses está a aumentar, um problema que obrigou 23% deste tipo de instituições a alterar a terapêutica dos doentes.
Todas as 31 unidades hospitalares do Serviço Nacional de Saúde (SNS), de um total de 43 que responderam a este estudo, registaram rutura de medicamentos, mais de metade de forma diária ou semanal.
O documento revela que, em 61% dos casos, o impacto da rutura foi considerado grave, sendo que, em 18,5, abrangeu todo o tipo de medicamentos e, em 13,42%, teve especial impacto nos genéricos ou biossimilares. Em 23% das ruturas, houve necessidade de mudar a terapêutica dos pacientes por falta de medicamentos.
Em declarações à Lusa, o presidente da Associação Portuguesa dos Administradores Hospitalares (APAH), Xavier Barreto, assumiu que o “problema tem vindo a avolumar-se” e que os doentes já estão a ser impactados pela situação.
Xavier Barreto ressalva que o problema deve ser visto como “um alerta para o Governo” e acrescenta que, no futuro, vão ter de “escalpelizar ainda mais este tema e perceber quais são os medicamentos em concreto que estão a faltar e porque é que estão a faltar”: “Vamos ter de analisar, com ainda mais detalhe, e perceber que tipo de ações concretas é que vamos poder tomar.”
Um terço dos hospitais refere que o processo de aquisição nunca é desencadeado atempadamente, embora apenas 19% dos afirmem que o fator preço/modelo de financiamento foi uma barreira para o acesso a algum medicamento.
As três barreiras mais relevantes a serem apontadas foram a carga administrativa (42%), a ineficiência dos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (25%) e a falta de autorizações financeiras (14%).